sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Cadê o sal

Parece familiar? As coisas não mudaram muito em dois mil anos, mudaram? Quantas igrejas hoje encontram-se paralisadas no cenáculo? Quantas congregações têm apenas religião suficiente para se reunirem, mas não paixão suficiente para saírem lá fora? Mesmo que as portas não estejam trancadas, mas é como se estivessem.Inutilidade de cenáculo. O bocadinho de fé, mas muito pouco fogo. "Claro que estamos fazendo nossa parte para alcançar o mundo. Ora, somente no ano passado enviamos dez cursos por correspondência. Estamos esperando uma resposta. A qualquer momento agora". "Pode apostar que nos preocupamos que o mundo seja alcançado! Enviamos 150 dólares por mês para... ahn, bem... o como-se-chama lá em...ahn, bem, oh, esqueça o nome do lugar, mas... oramos sempre por eles". Fome no mundo? Ora, isso está no topo de nossa lista de prioridades! Na verdade, temos planos de planejar uma sessão de planejamento. Pelo menos, é o que estamos planejando fazer. "Boa gente. Muitas idéias. Uma porção de boas intenções. Orçamentos. Reuniões. Palavras. Promessas. Mas enquanto tudo isso está ocorrendo, a porta permanece trancada e a história permanece um segredo. Você não dá as costas a Cristo, mas também não se volta para Ele. Não amaldiçoa o nome d'Ele, mas tampouco o louva. Sabe que deveria fazer alguma coisa, mas não sabe ao certo o que é. Sabe que deveria reunir-se com outros, mas não sabe ao certo porquê. Inutilidade de cenáculo. Embaixadores confusos atrás de portas trancadas. O que será necessário para destrancá-las? O que será necessário para atear o fogo? O que será necessário para restaurar a paixão do primeiro século? O que terá de acontecer antes que os cadeados da inutilidade tombem de nossas portas e sejam pisoteados debaixo dos pés de discípulos partindo? Mais treinamento? Isso faz parte. Melhores estratégias? ajudaria. Uma visão mundial maior? sem dúvida. Mais dinheiro? Isso é imperativo. Maior dependência do Espírito Santo? Positivamente. Mas no meio desses itens há um ingrediente básico que não pode passar despercebido. Há um elemento tão vital que sua ausência garante nosso fracasso. O que é necessário para nos fazer sair é exatamente o que fez os apóstolos saírem. Imagine a cena. Pedro, João, Tiago, eles voltaram. Apostando nalguma probabilidade maluca que a fonte de perdão contivesse algumas gotas, eles voltaram. Atrevendo-se a sonhar que o mestre lhe ouvesse deixado alguma palavra, algum plano, alguma orientação, voltaram. Mas mal sabiam eles que o seu sonho mais absurdo não era absurdo o bastante. No exato instante em que alguém resmunga: "Não adianta", eles ouvem um ruído. Ouvem uma voz. "Paz seja convosco" (João 20.19). Cada cabeça se ergueu. Cada olho se voltou. Cada queixo despencou. Alguém olhou para a porta. Ainda estava trancada. Foi um momento do qual os apóstolos jamais se esqueceriam, uma história que jamais cessariam de contar. A pedra do sepulcro não foi suficiente para mantê-lo dentro. As paredes do aposento não foram suficientes para mantê-lo fora. O traído procurou seus traidores. O que foi que ele disse? Não foi: "Que bando de fracassados!" Nem "Eu bem que lhes disse". Nenhum o discurso do tipo: "Onde-estavam-quando-precisei-de-vocês?" Mas simplesmente uma frase: "Paz seja convosco." Exatamente o que eles não tinham era o que Ele oferecia: paz. Era bom demais para ser verdade! Tão incrível era a aprição que alguns diziam: "Belisque-me, estou sonhando", mesmo na ascensão. (Mateus 28.17). Não admira que eles tenham regressado a Jerusalém com grande júbilo! (Lucas 24.52) Não admira que estivessem sempre no templo louvando a Deus! (Lucas 24.53). Um grupo transformado postou-se ao lado de um Pedro transformado enquanto este anunciava algumas semanas depois: "Portanto, saiba com certeza toda a casa de Israel, que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (Atos 2.36). Nenhuma timidez em suas palavras. Nem uma relutância. Cerca de três mil pessoas creram na sua mensagem. Os apóstolos deram início a um movimento. As pessoas tornaram-se seguidoras do conquistador da morte. Não podiam ouvir o bastante ou falar o bastante acerca dele. O povo começou a chamá-los de "cristãos". Cristo era o seu modelo, a sua mensagem. Pregavam a "Jesus Cristo crucificado", não por faltar de outro tópico, mas porque não conseguiam esgotar esse. O que destrancou a porta dos corações dos apóstolos? Simples. Eles viram a Jesus. Encontraram o Cristo. Seus pecados colidiram com o Salvador, e o Salvador venceu! O que acendeu a caldeira dos apóstolos foi um braseiro de convicção de que a pessoa exata que devia tê-los mandado para o inferno foi ao inferno por eles, e voltou para contar a respeito. Uma porção de coisas aconteceriam durante as próximas décadas. Muitas noites seria passadas longe de casa. A fome lhes corroeria as entranhas. A chuva lhes ensoparia a pele. Pedras lhes feririam o corpo. Naufrágio, surras, martírio. Mas havia uma cena no repertório de lembrança que fazia com que jamais olhassem para trás: o traído voltando para encontrar seus traidores; não para açoitá-los, mas para enviá-los. Não para criticá-los por se esquecerem, mas para comissioná-los a se lembrarem. Lembraram-se que aquele que havia morrido está vivo e aqueles que eram culpados foram perdoados.
Max Lucado, Seis Horas de uma Sexta-Feira, pags 54-57
Galera, não esquece da reunião do CJ no sábado ás 18:00, na Fonte.
Somos um em Cristo Jesus.

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